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'Estouro da boiada n?o vai parar por aqui': César Tralli conta bastidores da megaopera??o contra o PCC

A megaopera??o que mirou o esquema bilionário do ?ovaipararporaquiCésarTrallicontabastidoresdamegaopera??tampo mesa pokerPCC no setor de combustíveis na última quinta-feira (28) é a primeira de outras que ainda vir?o. "Esse estouro da boiada n?o vai parar por aqui". é o que disse César Tralli em conversa com Natuza Nery no podcast O Assunto da sexta-feira (29). OU?A NO PLAYER A PARTIR DO MINUTO 17:20

Apresentador da Globo e da GloboNews, Tralli acompanhou investiga??es sobre a atua??o da máfia no setor de combustíveis por mais de uma década. No podcast, ele contou detalhes de bastidores sobre a investiga??o que revelou como o crime organizado se infiltrou no setor, e como o PCC chegou até a Faria Lima, centro financeiro do país.

Na avalia??o de Tralli, a investiga??o que levou à megaopera??o da quinta-feira ainda terá novos desdobramentos. "Tenho convic??o de que outras fases vir?o juntando as informa??es todas", diz.

Tralli contou que, em 2024, come?ou a receber informa??es de pessoas do setor denunciando amea?as do crime organizado.

"Comecei a receber muito telefonema de gente do ramo do a?úcar e do álcool desesperada. Desesperada no sentido de dizer: 'Olha, a gente está sofrendo amea?a, a gente está sofrendo coa??o'".

Na conversa no podcast O Assunto, Tralli afirmou que empresários relataram coa??o, invas?es com carros-fortes, e até amea?as de sequestrar famílias ou matar filhos para for?á-los a vender produtos por valores abaixo do mercado.

"Eles batem na porta com um carro forte dizendo: 'Se você n?o aceitar o valor que nós estamos comprando, nós vamos queimar tudo. A gente sequestra a sua família, a gente mata seu filho'".

Tralli conta também que, segundo empresários do setor de combustíveis, hoje 40% de todo o mercado de álcool e de 25% a 30% do mercado de gasolina est?o nas m?os do crime organizado.

O jornalista diz que empresários do setor no interior de S?o Paulo come?aram a fazer as denúncias de que o crime organizado atuava para expulsá-los e tomar conta do setor. E que foi, a partir dessas denúncias, que a investiga??o ganhou mais tra??o, há um ano.

"Eu perguntei a vários investigadores: é o PCC que está em tudo? é o PCC que está tomando conta de tudo? Eles disseram que n?o. Tem PCC, mas tem outros grupos criminosos que se fortaleceram, se criaram e fizeram fortuna nesse esquema de adultera??o de combustível. E alguns desses grupos se comunicam com o PCC na lavagem de dinheiro, na distribui??o do combustível batizado, na compra de rede de postos."

Na conversa com Natuza Nery no podcast O Assunto, Tralli destaca também como as fintechs viraram um "buraco negro".

"As fintechs foram blindadas de investiga??o e de fiscaliza??o. Ent?o elas se tornaram buracos negros. Essa é a express?o que os investigadores usam. Elas viraram o triangulo das Bermudas. O que cai nelas, ninguém consegue identificar a origem e o destino."

A Receita Federal afirma que os criminosos movimentaram R$ 52 bilh?es nos últimos 4 anos por meio das fintechs, empresas que usam a tecnologia para oferecer servi?os financeiros de forma mais simples e rápida que bancos tradicionais – e com quase nenhuma fiscaliza??o do setor público.

Depois da opera??o da quinta-feira, a Receita publicou uma norma que dá às fintechs o mesmo tratamento dado aos bancos. A norma determina que as fintechs passem a apresentar informa??es por meio da e-Financeira — sistema já usado há mais de 20 anos por bancos tradicionais para reportar movimenta??es financeiras ao Fisco.

O que você precisa saber:

ENTENDA: Como o PCC se infiltrou no setor de combustíveis e na Faria LimaQUEM S?O: 'Primo' e 'Beto Louco', os chefes do esquema bilionárioCOMBATE A FAC??ES: 'Maior resposta' ao crime organizado, diz Lula sobre opera??oHaddad diz que megaopera??o conseguiu chegar 'ao andar de cima' do crime organizadoPF vai investigar vazamento sobre megaopera??oNúMEROS DA OPERA??O: R$ 52 bilh?es, 2,5 mil postos, 350 alvos...POSTOS DO PCC: Como identificar se o combustível foi adulterado

O podcast O Assunto é produzido por: M?nica Mariotti, Amanda Polato, Sarah Resende, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Carlos Catelan. Apresenta??o: Natuza Nery.

1 de 1 Viaturas da PF e da Receita em frente a prédio na Faria Lima durante megaopera??o que investiga fraude do PCC em postos de combustíveis — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

O Assunto é o podcast diário produzido pelo g1, disponível em todas as plataformas de áudio e no YouTube. Desde a estreia, em agosto de 2019, o podcast O Assunto soma mais de 168 milh?es de downloads em todas as plataformas de áudio. No YouTube, o podcast diário do g1 soma mais de 14,2 milh?es de visualiza??es.

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