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Expedi??o Ianomami: Sebasti?o Salgado documentou lutas da etnia indígena com O Globo

O legado de Sebasti?o Salgado para o fotojornalismo e para a defesa dos povos originários no Brasil continua vivo,??oIanomamiSebasti?oSalgadodocumentoulutasdaetniaindío resultado do jogo do bicho das 4 horas de hoje mesmo após dez anos de sua viagem em parceria com O Globo. Morto nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, o fotógrafo liderou uma expedi??o ao território Ianomami, parte final de um projeto grandioso que incluiu duas viagens anuais à Amaz?nia para documentar a vida e as lutas das principais etnias indígenas do Brasil. A experiência foi registrada na obra "Amaz?nia", publicada em 2021. Em mar?o de 2014, Salgado e o repórter Arnaldo Bloch atravessaram as terras ianoman, na Amaz?nia, entre as bacias do Rio Negro e do Rio Branco. Após uma viagem de quatro horas em um monomotor vindo de Manaus, os dois testemunharam a festa fúnebre de reahu na casa-aldeia de Watoriki. Arnaldo Bloch e Sebasti?o Salgado percorreram a Amaz?nia juntos em 2014 — Foto: Agência O Globo A cerim?nia foi feita em homenagem a um jovem ca?ador que morreu ao matar seu duplo animal, um mutum azul (na cosmologia ianomami, cada pessoa está ligada espiritualmente a um espírito protetor que vive na floresta). Eles encaram a morte com silêncio e simbolismo: o nome do falecido é proibido, seus objetos s?o queimados e as cinzas preservadas em urnas até o clímax do ritual. A dinamica transformou a aldeia por dias e noites. Pajés invocaram espíritos com gritos, dan?as e o uso da yakuana, um pó sagrado capaz de abrir passagem ao mundo invisível. Logo, 60 macacos assados serviram como alimento para o resto da tribo, costume ancestral de partilha e transcendência que homenageia os mortos. “A marcha é refreada por uma vis?o: 60 cadáveres de macacos atados por cipó pendem em fogo baixo. De cócoras, os corpos familiares fazem pensar que os brancos poderiam estar ali: na trilha das miss?es e das comiss?es de limites, das estradas abertas pelo exército nos anos 1970 e da corrida do ouro na década seguinte, 80% dos ianomamis morreram”, escreveu Bloch sobre a experiência, na edi??o impressa do jornal em 29 de junho de 2014. Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado A vida ianoman continuou animada ao longo dos dias. Na maloca da Serra Demini, curumins brincavam e mulheres preparavam pupunha fermentada. à noite, houve cantos rituais, roncos dos anci?os e tosses de um surto de gripe que amea?a os indivíduos mais frágeis. O tempo encaminhava os ciclos da natureza e do luto, segundo o jornalista. Os brancos foram convidados a se retirar no ápice da cerim?nia. Do lado de fora, Salgado e Bloch ouviram o pranto final. As cinzas foram enterradas no ambiente interno. A dor foi liberada em um momento íntimo e sagrado da despedida: um grito coletivo que faz parecer que “o céu caiu sobre a terra”. “A terra n?o morre. Só a gente. A terra só morre se o branco destruir. O ch?o fica frio, as árvores secam e as pedras esquentam. Os xapirip?, espíritos da serra, n?o podem mais dan?ar e v?o embora. Os espíritos ruins reinam e todos morrem”, alertou o xam? e líder espiritual Davi Kopenawa, na ocasi?o. No momento compartilhado por Salgado e Bloch, a cosmologia indígena estava perfeitamente alinhada com o discurso ambientalista. Os ianomamis, em um mundo que cada vez mais amea?ava suas terras, apontavam para a urgência de prote??o da vida humana e natural. Expedi??o de Sebasti?o Salgado A expedi??o em território Ianomami de Sebasti?o Salgado, acompanhada do jornal O Globo, marcou um capítulo importante de um projeto ambicioso: realizar duas viagens anuais à Amaz?nia para documentar a vida e as lutas das principais etnias indígenas do Brasil. As fotografias reunidas até o fim desse ciclo comp?em o livro "Amazonia" (2021). "Amaz?nia" — Foto: Divulga??o A jornada foi dividida em duas etapas e contou com as presen?as de Jacques Bartelemy, assistente de Salgado e guia de montanhas, e do mateiro maranhense Agostinho de Carvalho. A aventura come?ou com uma estadia de 15 dias na aldeia Watoriki, na divisa entre Amazonas e Roraima, onde testemunhou o início da reahu. Realizado no máximo uma vez por ano, o ritual homenageia mortos que partiram em resultado a um acidente místico. A segunda etapa foi cuidadosamente planejada. Foi uma travessia a partir da aldeia de Maturacá, aos pés do Pico da Neblina — o ponto mais alto do Brasil, com quase três mil metros de altitude. Considerada sagrada pelos Ianomamis, a regi?o era pressionada pela minera??o ilegal e pela presen?a de miss?es religiosas e postos militares. Salgado organizou a subida à montanha com um grupo de vinte guerreiros e xam?s, em uma tentativa de registrar o reencontro espiritual dos indígenas com seu território ancestral. A expedi??o dá continuidade ao projeto iniciado em 2013, quando Salgado fotografou os Awás, povo indígena isolado do Maranh?o. Na ocasi?o, a incurs?o dele com a jornalista Míriam Leit?o resultou em uma série de reportagens publicadas nO Globo e, posteriormente, em uma a??o das autoridades. O Exército e a Funai expulsaram madeireiros e fazendeiros que ocupavam ilegalmente as terras awás. Sebasti?o Salgado: conhe?a os registros da expedi??o do fotógrafo pela Amaz?nia 1 de 20 Arnaldo Bloch e Sebasti?o Salgado percorreram a Amaz?nia juntos em 2014 — Foto: Agência O Globo 2 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 20 fotos 3 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 4 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 5 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 6 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 7 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 8 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 9 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 10 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 11 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 12 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 13 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 14 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 15 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 16 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 17 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 18 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade 19 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado 20 de 20 Registro de Sebasti?o Salgado da etnia ianomami, na Amaz?nia, em 2014 — Foto: Agência O Globo/Sebasti?o Salgado Pular X de 20 Publicidade Arnaldo Bloch e Sebasti?o Salgado percorreram a Amaz?nia juntos em 2014. O projeto incluiu duas viagens anuais e deu origem a um livro. Mais recente Próxima Custodio Coimbra registra polui??o aquática no Rio de Janeiro há 30 anos e reflete: ‘N?o é surpresa, uma situa??o cada vez pior’ Amaz?nia Manaus (AM) Rio Branco (MT) Rio Negro (PR) Sebasti?o Salgado Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px 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