Origem da covid: ex-cientista-chefe chinês n?o descarta escape do vírus de laboratório

'Essa doen?a quer exterminar minha família e eu seria a próxima', diz artista que retratou luta contra o cancer em pinturas

Após perder o pai,?aquerexterminarminhafamíliaeeuseriaapróximadizartistaqueretratoulutacontraocaresumindo da quina de ontem a m?e e o irm?o por um cancer de pulm?o — todos os três eram fumantes há décadas — a artista carioca Fernanda Leme recebeu um diagnóstico de cancer na mama. Ela já havia parado de fumar há cerca de 16 anos e dado um basta na bebida alcóolica em raz?o de sua saúde, porém, em meados do ano passado, durante um exame de check-up descobriu um nódulo na mama. — Foi um choque na minha vida. Depois que você perde muitos parentes para essa doen?a (além dos pais e irm?o, Fernanda perdeu também três av?s e dois tios), você come?a a acreditar que ela quer exterminar sua família. E eu só pensava que era a próxima — afirma a artista. Pintura Fish Her 2, de Fernanda Leme — Foto: Jaime Acioli/ Reprodu??o Diante da situa??o, entretanto, Leme resolveu olhar de forma positiva para a vida e come?ou a retratar a si mesmo em suas pinturas. A ida ao hospital, a queda do cabelo e o come?o do tratamento de quimioterapia viraram eternas em suas pinceladas. As obras agora fazem parte da exposi??o “Monstros”, que ela apresenta até o dia 31 de outubro na Z42 Arte, no Cosme Velho, com um panorama de sua trajetória de 11 anos nas artes. As pinturas feitas durante o tratamento fazem parte da série “Luto” (2023) e, ao contrário do que se pode pensar, possuem cores fortes e brilhantes, passando um ar de positividade diante da situa??o. — Já me retratava antes e achei muito importante me retratar doente e careca. Meu principal objetivo foi desmitificar essa doen?a, s?o muitas pessoas passando por isso, mulheres que ainda n?o completaram 30 anos. As pessoas ainda têm preconceito, precisamos normalizar esses eventos — explica a artista. Confira a entrevista a seguir: Além de você, houve outros casos de cancer em sua família? Sim. Minha irm? teve cancer de mama em 2001 e ficou curada. Meu pai, minha m?e e meu irm?o tiveram cancer de pulm?o e faleceram. Meu pai fumava três ma?os de cigarro por dia. Meu irm?o e minha m?e morreram muito próximos e logo em seguida descobri o meu. Foi um período estranho e tumultuado em minha vida. Além deles perdi três avós e dois tios para o cancer. Como foi receber o diagnóstico sabendo desse histórico familiar? Eu só pensava que era a próxima a morrer. Só sabia acreditar que estavam exterminando com a minha família. Como sou a filha mais velha, passei minha vida me preocupando com meus irm?os e ent?o comecei a me preocupar com os que estavam a minha volta, filhos e marido. A minha sogra, Heloisa, que n?o conheci, morreu de cancer também muito cedo, quando Marcelo, meu marido, só tinha 12 anos. Ent?o fiquei bem preocupada com ele, como seria difícil para ele lidar com essa doen?a de novo e t?o perto. Meus filhos foram bem positivos e estiveram ao meu lado o tempo todo. O que me deu mais esperan?a e fé foi meu oncologista, Dr. José Bines. Ele me compreendeu desde o primeiro instante, fiz todas as perguntas que queria fazer e ele foi respondendo, parecia um interrogatório. Ele, sem dúvida, foi o maior incentivador para eu continuar trabalhando, e acompanhou o desenvolvimento de vários trabalhos. O cancer teve impacto em sua autoestima? Sim, muito. Eu era modelo, sempre me senti linda, e as pessoas diziam “você está linda careca”, mas eu n?o acreditava. Perder o cabelo é um choque de realidade. Você pensa: “agora estou ruim mesmo”. Tinha vergonha de sair de casa, careca, pois acreditava que as pessoas saberiam que eu estava doente e que logo morreria. A pele fica verde, sem t?nus, sem brilho. Os olhos parecem que se apagam. é muito difícil. A quimioterapia é um veneno que te d?o na dose certa, caso contrário você morre com ela, mas é a única forma de salva??o. Gra?as a Deus tive o apoio dos meus amigos, da minha família, dos meus filhos e marido, que nunca saíram do meu lado. Exposi??o 'Monstros', de Fernanda Leme — Foto: Jaime Acioli/ Reprodu??o Quando foi o momento que você decidiu retratar a sua luta pessoal do cancer nas telas? No início da quimioterapia. Minha prima-irm? Cristina teve cancer de mama ao mesmo tempo que eu. Só que ela morava nos EUA, e eu no Rio de Janeiro. Dividíamos as angústias e medos, falávamos sobre o cabelo cair, a touca congelante, o tempo de interna??o. Foi neste período que surgiram algumas das minhas principais telas, como: "Touca", "Serpentina" e "Fish HER 2", que falam justamente do meu tratamento e do cancer de modo geral. Qual foi o momento mais difícil para você em seu tratamento? Foi quando eu tive uma diarreia que durou 21 dias. Tive também uma intercorrência nos rins, em janeiro deste ano, quando já estava fazendo terapia de anticorpos. Fui hospitalizada por quatro dias e pensei que estava com cancer nos rins, mas na verdade eu havia sido infectada por uma bactéria durante meu tratamento. Nada muito grave, gra?as a Deus. Em algum momento acreditou que iria morrer? Resolvi acreditar nos médicos e nas pesquisas científicas. Quando entendo racionalmente o que está acontecendo eu me acalmo. Li muito sobre cancer, o de mama e o de pulm?o principalmente, pois sou ex-tabagista, parei de fumar há 16 anos e meio. E devido às perdas da minha família, quis ficar a par de tudo, mas existe aquele medo e qualquer coisa estranha, alguma dor, eu já penso em metástase ou recidiva. A pintura de Fernanda Leme representa a queda de cabelo durante o tratamento de cancer de mama — Foto: Reprodu??o Você já se autorretratava antes do cancer, mas pintar a si mesma em um momento t?o difícil foi mais trabalhoso? Foi emocionante. Mostrava primeiro para minha prima, e ela me dava as primeiras impress?es. Meu principal objetivo foi desmitificar essa doen?a, s?o muitas pessoas passando por isso, mulheres que ainda n?o completaram 30 anos. Eu queria mostrar a vida como ela é, e n?o só as alegrias e sucessos. As pessoas ainda têm preconceito, precisamos normalizar esses eventos. Ainda é cedo para falar que está curada? Só daqui a cinco anos, se eu n?o tiver recidiva, v?o me considerar curada deste cancer. Ent?o vamos em frente com for?a e esperan?a. Estou tomando um bloqueador de horm?nio por cerca de dez anos. Esse remédio dá alguns efeitos colaterais bem desagradáveis. Terei de fazer exames de controle e tentar n?o ficar paranoica. Mas os treinos físicos melhoram muito esses efeitos. Fa?o academia em casa com um personal que me ajuda muito. Comecei a fazer em casa porque tinha vergonha de ir para à academia careca. Agora também fa?o ioga. Qual é a importancia dessa exposi??o artística para você? Em primeiro lugar está a minha carreira como artista que quero consolidar. é minha segunda exposi??o individual e fiz com o maior rigor. Meu médico disse que o mais importante para uma paciente é ouvir outra paciente que já passou pelo tratamento. E isso me fez pensar muito sobre. Achei que era o momento de ajudar outras pessoas que est?o passando, passaram, ou v?o passar pelo mesmo problema. Autorretrato de Fernanda Lima durante tratamento contra o cancer de mama — Foto: Cristina Granato / Reprodu??o Mais recente Próxima 'O diagnóstico de cancer é sempre um choque, mas n?o vemos mais tantos pacientes desesperados', diz oncologista Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ 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