Projeto Educa??o: entenda como a Tropicália transformou o cenário cultural do Brasil

Nada poderia derrubar a ‘rainha dos saltos’. Até que Trump apareceu. E o Brasil está no meio disso

Ruthie Davis pegou um sapato de uma prateleira repleta de cria??es coloridas como doces,équeTrumpapareceuEoBrasilestáconvites para bingo deslizando suas longas unhas lilás pelo salto, quase do tamanho da palma de sua m?o. Era o tipo de salto altíssimo que ajudou a consolidar seu nome como designer de sapatos. Sorvete do Pará e suco de acerola do Ceará: Veja as exporta??es do Brasil mais vulneráveis ao tarifa?o nos EUAEntenda: Por que Trump imp?s tarifa t?o alta ao Brasil? E por que o anúncio foi feito no mesmo dia da san??o a Moraes? Esses modelos, muito procurados nos Estados Unidos, agora se acumulam na sua fábrica no Brasil, já que os envios para os EUA est?o suspensos devido às tarifas elevadíssimas impostas pelo presidente Donald Trump. O Brasil parecia um bom negócio para uma empresa pequena como a dela: mais barato do que produzir na Itália e mais adequado para um negócio de luxo em pequena escala do que as gigantes fábricas de tênis da China. Mas a decis?o de Trump, em julho, de impor uma tarifa de 50% sobre as exporta??es brasileiras — uma das mais altas aplicadas a qualquer país neste ano — colocou toda a estratégia em xeque. Davis decidiu adiar novos envios, preocupada com a enorme conta de tarifas que enfrentaria quando as mercadorias cruzassem a fronteira dos EUA. — O problema é que, para marcas pequenas como a nossa, uma tarifa de 50% é impossível de absorver, e n?o temos flexibilidade para mudar nossa produ??o — disse ela. —N?o temos um or?amento gigante nem dinheiro sobrando para isso. Mais Sobre Donald Trump Entre a órbita chinesa e a europeia Soberania digital brasileira está sob amea?a :root { --box-recomendacao-font: OGloboTitleFontBold,OGloboTitleFontFallback; --box-recomendacao-base-color: #1e4c9a; --box-recomendacao-contrast-color: #fff; --box-recomendacao-hiperlink-color: #1e4c9a; } Mesmo que seus sapatos custem de US$ 500 a US$ 1.000 no varejo, Ruthie afirma que é difícil ter lucro, já que eles frequentemente s?o vendidos com desconto. Além disso, os custos com transporte, incluindo frete aéreo internacional, e marketing s?o altos. — Ninguém precisa de um sapato de luxo. Ent?o, tenho que divulgar o máximo possível cada modelo — acrescentou. Os sapatos desenhados por Ruthie Davis s?o vendidos no varejo por valores entre US$ 500 e US$ 1.000, mas ela disse que os custos, incluindo envio, marketing e tarifas, dificultam a obten??o de lucro — Foto: DeSean McClinton-Holland/The New York Times Se as tarifas continuarem nesse nível, ela n?o sabe por quanto tempo conseguirá manter o negócio funcionando. — Já estamos lutando para nos manter à tona. E aí nos aplicam essa tarifa. é como se quisessem enfiar uma faca no meu peito. Isso vai matar uma indústria — previu a designer. Ela está entre os muitos empresários que optaram por trabalhar com fábricas em países vistos como alternativas mais seguras à China, como Brasil e índia. Mas essa decis?o acabou se voltando contra eles, com ambos os países enfrentando tarifas severas. Rupturas: A índia era a alternativa econ?mica à China, mas Trump deu fim a isso Na semana passada, as tarifas dos EUA sobre exporta??es indianas dobraram, chegando a um mínimo de 50% para os produtos afetados. Esse é o mesmo nível aplicado atualmente à maioria dos produtos brasileiros, com exce??o de alguns itens, como carv?o, fertilizantes e suco de laranja. Em compara??o, as exporta??es da maioria dos outros países enfrentam tarifas adicionais de 10% a 30%, colocando fabricantes de Brasil e índia em desvantagem. As altas tarifas sobre índia e Brasil, ambos aliados dos EUA, surpreenderam especialmente. Os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, ou seja, vendem mais para o país do que compram. Historicamente, as tarifas de Trump miraram países com os quais os EUA têm déficit comercial. Com rela??o à índia, o presidente já teve uma rela??o próxima com o primeiro-ministro Narendra Modi, e muitos observadores esperavam inicialmente que os países chegassem a um acordo comercial. Mas as negocia??es fracassaram, e Trump aumentou as tarifas sobre produtos indianos, citando os impostos da índia sobre exporta??es americanas e suas compras de petróleo russo. Marcos Chiliatto: 'Temos que acreditar que o diálogo entre Brasil e Estados Unidos vai acontecer', diz diretor brasileiro no Banco Mundial Autoridades dos EUA, incluindo membros do governo Trump, trabalham há anos para incentivar fabricantes a “desriscar” suas cadeias de suprimentos, transferindo fábricas da China para países aliados, como Brasil e índia. Desde 2018, quando Trump aplicou tarifas pesadas à China, as importa??es americanas vindas do país asiático caíram, enquanto as provenientes de índia e Brasil aumentaram. Marcas como Apple e Steve Madden mudaram parte de sua produ??o para índia, Brasil e outros países. Mas a China pode n?o ser mais a maior perdedora da guerra comercial de Trump. Os EUA adicionaram uma tarifa de 30% sobre exporta??es chinesas neste mandato. A segunda maior economia do mundo já enfrenta outras tarifas pré-existentes, o que significa que seus produtos geralmente têm impostos mais altos, mas críticos apontam que a discrepancia em rela??o a Brasil e índia é difícil de justificar. — Devemos fazer tudo o que for possível para que empresas americanas saiam da China, o que significa que Trump precisa de tarifas altas na China e baixas em países como índia — afirmou Robert D. Atkinson, presidente da Information Technology and Innovation Foundation. Antes de viagem aos EUA: CNI pede prudência após governo Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra tarifa?o de Trump A situa??o parece ser resultado principalmente das disputas e frustra??es pessoais de Trump, e n?o de um planejamento estratégico para redirecionar o comércio. Ele acusou o Brasil de realizar uma “ca?a às bruxas” contra seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado por tentativa de golpe. Trump também afirmou que o Brasil discriminava empresas de tecnologia americanas e outras exporta??es. No caso da índia, Trump perdeu a paciência nas negocia??es depois que o país se recusou a abrir mercados agrícolas sensíveis internamente para exporta??es dos EUA e rejeitou sua alega??o de que sua media??o pessoal teria resultado em um cessar-fogo com o Paquist?o. Oferta 'veio tarde': Trump afirma que índia se ofereceu para cortar tarifas Nisha Biswal, sócia do Asia Group, disse que tarifas de 50% seriam “extremamente disruptivas” tanto para os Estados Unidos quanto para a índia, com impacto imediato sobre as empresas indianas. — A indústria têxtil e de vestuário da índia será precificada fora do mercado americano e precisará se deslocar para outros mercados ou transferir a produ??o para fora da índia para evitar as tarifas — afirmou. Esbo?os de design e sapatos no estúdio caseiro de Ruthie Davis; As tarifas elevadas e as a??es de Trump transformaram a fabrica??o no exterior em um campo minado, mesmo para empreendedores que se instalaram em países vistos como alternativas seguras à China — Foto: DeSean McClinton-Holland/The New York Times O maior impacto será a incerteza que as tarifas geram para empresas que buscavam transferir a produ??o da China para a índia, especialmente em tecnologias emergentes, afirmou Biswal: — é muito difícil construir uma iniciativa de confian?a quando n?o há confian?a. Convocados por Lula: Líderes do Brics devem discutir fortalecimento do comércio dentro do grupo, em resposta a tarifa?o Ainda n?o se sabe se essas taxas tarifárias ser?o alteradas nos próximos meses. Estados Unidos e índia ainda podem encontrar uma saída para o impasse, disse Biswal, talvez em reuni?es na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro. Mas a imprevisibilidade do uso de tarifas por Trump tem dificultado para as empresas encontrar locais confiáveis para fabricar seus produtos. Stephen Lamar, presidente da American Apparel & Footwear Association, do setor de vestuário e cal?adista, disse que as empresas de sua associa??o comercial, incluindo a de Ruthie Davis, vinham recebendo “mensagens conflitantes” sobre como e para onde deveriam diversificar sua produ??o. Ele apontou que programas governamentais de longa data, que ofereciam incentivos para empresas fabricarem no Haiti e na áfrica, estavam prestes a expirar. — é como se fosse: ‘Espere um minuto, eu pensei que vocês queriam que saíssemos da China’ — disse Lamar. — Você n?o sabe para onde deveria diversificar, se os países que você pensava serem alternativas seguras há alguns meses n?o s?o mais. Hora do tudo ou nada: Especialistas esperam escalada de retalia??es de Trump, mas apostam em san??es individuais Sobre a produ??o de Ruthie no Brasil, Lamar comentou: — Essa era uma aposta que, há alguns meses, n?o parecia uma aposta perdida. Ruthie nem sempre produziu no Brasil. Por anos, ela trabalhou para marcas maiores, incluindo Reebok, UGG e Tommy Hilfiger, visitando fábricas na China, Brasil e Itália. Em 2006, ela fundou sua própria empresa, usando conex?es de fábricas na China. Mas o mercado de sapatos de luxo desprezava os produtos chineses, e ela rapidamente transferiu sua produ??o para a Itália. Há cerca de uma década, uma fábrica brasileira a procurou, convencendo-a de que poderia lidar com as complexidades da fabrica??o de sapatos de luxo a um custo menor. — Quando comecei, eu n?o me orgulhava de colocar ‘Made in Brazil’ na sola do meu sapato, porque o produto ainda era meio rústico — contou ela. Mas, ao longo dos anos, o Brasil construiu uma indústria de cal?ados muito competitiva. Isso envolveu toda a rede de fornecedores de que essas fábricas dependem, incluindo fábricas que produzem couro e moldes, costuram os padr?es e criam um tipo de cola que Davis descreve como “Super Cola em esteróides.” Essa rede de fornecedores é o motivo pelo qual a designer, chamada de “rainha dos saltos”, acredita que será impossível transferir a fabrica??o de seus sapatos para os Estados Unidos t?o cedo. — Se você olhar para essas pessoas que trabalham na Casa Branca, as mulheres est?o usando sapatos bonitos. Será que elas est?o dispostas a abrir m?o desses sapatos? —perguntou. — Porque nós n?o vamos fabricar sapatos na América. Mais recente Próxima Raízen encerra parceria com Femsa e sai da gest?o da rede de conveniência Oxxo Apple Brasil China Donald Trump Estados Unidos Jair Bolsonaro Lula Narendra Modi índia Mais do Globo .post-notifier-pushstream{ display:none}.bstn-fd .bastian-card-mobile,.bstn-item-shape,.tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub--visivel .tag-manager-publicidade-banner_feed_esppub{ background-color:#fff;contain:layout paint style;margin:16px 0 0;overflow:hidden}.feed-media-wrapper{ margin:24px -24px 0}.bstn-fd-item-cover{ background-color:#ccc;background-position:50%;background-size:cover;height:0;overflow:hidden;padding-top:56.25%;position:relative;width:100%}.bstn-fd-cover-picture{ position:absolute;top:0;left:0;height:100%;width:100%}.bstn-fd-picture-image{ color:transparent;height:100%;width:100%}.feed-post-body{ padding:24px 24px 0}.feed-post-link{ display:block;text-decoration:none}.feed-post-header{ color:#333;font:16px/20px 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